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ALIMENTOS ALÉM DO BEM E DO MAL

É muito comum encontrar na imprensa reportagens que ora dizem que um determinado alimento faz bem, ora que faz mal. Mesmo com acesso às informações e aos resultados de pesquisas, a população acaba com mais dúvidas do que certezas. Conforme reportagem publicada na revista Época, em março, quanto mais a imprensa divulga notícias sobre uma dieta saudável, menos as pessoas sabem o que pôr no prato.

Segundo a Época, até os anos 80 as pessoas tiravam suas dúvidas apenas com seus médicos. Com o aumento do volume de informações sobre ciência e saúde em jornais, revistas, internet e na TV, estes meios se firmaram como referência para os que procuram informações sobre saúde.

Os alimentos podem aparecer como benéficos ou vilões a cada pesquisa divulgada. Em que informações as pessoas com diabetes podem confiar? O que gera essa confusão? Para esclarecer algumas dúvidas e desfazer mitos, conversamos com Anelena Soccal Seyffarth, membro do Departamento de Nutrição da SBD e nutricionista da Secretaria Estadual de Saúde-DF.

O primeiro ponto destacado por Anelena é que nenhum alimento sozinho faz milagre. Cada um tem suas qualidades e a harmonia entre eles, ou seja, o consumo de quantidades certas de cada um, preserva a saúde e protege contra doenças.

– É comum os leigos acharem que uma ação positiva do alimento em relação a alguma doença é a solução, quando na verdade esta característica, para se manifestar, depende de outras condições também favoráveis. Assim surgem os mitos: a qualidade do alimento é confundida com a “salvação” ou “cura”. O contrário também acontece, ou seja, um alimento é rotulado como ruim apesar da sua composição nutritiva.

Sobre café, frutas e diabetes

A Dra. Anelena lembra o exemplo do abacate. Até hoje as pessoas acreditam que esta fruta tem uma gordura ruim. Seu teor de gordura monoinsaturada é a mesma do azeite de oliva e do óleo de canola, e está associada à manutenção do HDL colesterol – parte do colesterol que tem ação protetora. Logo, o seu consumo não é contra-indicado. “Como todas as gorduras, no entanto, deve-se ter cuidado com a quantidade consumida, já que é um alimento com alta densidade calórica”, esclarece.

Com relação ao café, alguns estudos apontam benefícios em relação ao diabetes, doença de Parkinson e Alzheimer. Mas grandes quantidades de café podem causar irritabilidade, complicar queixas de dor no estômago ou azia e influenciar negativamente na pressão arterial.

– O bom senso manda aguardar para ver se os resultados de estudos serão, ou não, suficientes para serem transformados em orientações precisas sobre o uso terapêutico do café.

Outra recomendação da Dra. Anelena é que o consumo de café deve ser de três xícaras pequenas por dia. A bebida deve ser de boa qualidade e preparada na hora, preservando a saúde.

Um mito bastante difundido é o de que frutas como banana, caqui, manga e uva são contra-indicadas para quem tem diabetes. Na verdade elas são fontes importantes de nutrientes (potássio, vitamina A), não precisando ser restritas, mas consumidas em quantidades adequadas.

Já o melão costuma ser associado a queixas digestivas e considerado um alimento de difícil digestão. Algumas pessoas podem até apresentar estas reações, mas elas são individuais, não devendo ser generalizadas. O fato é que o melão é um alimento rico em potássio – mineral importante para a contração muscular e auxiliar no controle da pressão arterial.

“As frutas são fontes de vitaminas, minerais e fibras, nutrientes imprescindíveis para a saúde e a prevenção de doenças. As pessoas com diabetes podem utilizá-las de acordo com suas necessidades individuais. As orientações são, na verdade, semelhante às da população em geral: uso diário, variando os tipos e evitando grandes quantidades de uma só vez”, conclui a nutricionista.